sábado, 8 de agosto de 2009

Entrevista Christina Paz - VENCEDORA DO FESTIVAL


Vencedora do 29º Festival da Canção de Alvinópolis

Por Marcos Martino e Gjúnior

1 - Como você ficou sabendo do Festival de Música de Alvinópolis?

Através do site Festivais do Brasil.


2 - Já tinha ouvido falar desse Festival?

O de Alvinópolis não; apenas o de Tatuí, quando lá estive em 2001.

3 - Qual foi sua primeira impressão sobre a cidade?

Muito simpática e acolhedora, e um astral muito bom; senti um compromisso muito forte com a música de qualidade. E isso é muito positivo porque vai formando platéia consciente e formando opinião, principalmente a partir do público mais jovem.

4 - Foi bem recebida?

Sim. Devo dizer que desde o dia em que o Marcos Martino me enviou o primeiro email me informando da minha classificação para o Festival. Foi a minha primeira impressão mesmo ainda não estando in loco. Fui muito bem recebida por todos mesmo, sem exceção, quando ali cheguei. Por isso , escolhi participar do festival de Alvinópolis, mesmo tendo sido classificada em outros dois nos Festivais, que aconteceriam na mesma data.

4 - Conte um pouco da sua história para os nossos visitantes.

Vou tentar resumir ao máximo a minha trajetória.

Iniciei minha vida musical aos 7 anos de idade,quando ganhei meu primeiro piano acústico, e comecei a tocar o instrumento. Fiz audições na ABI (Associação Brasileira de Imprensa-RJ), ainda menina. Cursei teoria musical e piano no Conservatório Brasileiro de Música (RJ). Quando adolescente, participei de eventos de teatro e música no Colégio Estadual , onde estudei, na zona norte do Rio. Já na fase adulta,fui aluna do pianista Luiz Eça (o memorável pianista do Tamba Trio), do violonista Carlos Delmiro (irmão de Helio Delmiro, violonista da Elis Regina, Milton Nascimento,etc.), quando conheci e convivi musicalmente com nomes famosos da MPB: Cristóvão Bastos, Moacyr Luz, Paulo Russo, João Nogueira, o célebre Bené Nunes, Mauro Diniz, para citar alguns.

Não parei de praticar aulas de canto, e as professoras Carol McDavit e Vera do Canto e Melo foram sempre minhas orientadoras nessa área, durante muitos anos. Fui backing vocal de Tim Maia, e da cantora Rosemary. Compus e gravei jingles para cinema e rádio, e trilhas para teatro infantil. Estudei arranjos vocais com o maestro Marcos Leite , e arranjos instrumentais com Roberto Gnatalli. Fui sócia-gerente e diretora artística do antigo selo musical KIWI, quando produzi vários artistas nacionais (dentre eles o Lúci -Luciano Maurício, guitarrista da Cássia Eller-).

Como cantora realizei shows em São Paulo (cidade, litoral e interior), no Rio de Janeiro (cidade e interior), em Belém, Cuiabá, Curitiba,Porto Alegre, e em Michigan ,nos Estados Unidos. Integrei o célebre grupo vocal madrigal Guanabara,logo que comecei a freqüentar aulas de canto e técnica vocal, em 1977. Participei de óperas no Rio de Janeiro, produção do Conservatório Brasileiro de Música, e promoção da Prefeitura do Rio. Fui regente assistente para o Projeto Orquestra de Vozes Meninos do Rio, por dois anos consecutivos, promovido também pela Prefeitura. Gravei e lancei meu primeiro cd solo, intitulado "Dançando no Salão", em 2001/02, no qual tive as participações especialíssimas dos meus amigos Jorge Vercillo e Sergio Loroza. Além disso, conclui o curso de bacharel e licenciatura em Educação Musical pela Uni-Rio, em Letras pela UFRJ, em Pedagogia de Estilos de música-vocal, pela Voiceworks Associate Program de Lisa Popeil ( Los Angeles-USA). Como tecladista, toquei em cerimônias e festas de casamento. Fui pesquisadora de música semi-erudita pelo CNPq, durante dois anos. Ganhei alguns prêmios de menção honrosa e edição em poesia, nos concursos promovidos por Christina Oiticica, nos anos 80.

Atualmente, na área do ensino musical,ministro aulas de música-vocal, teclado em música popular, musicalização de adultos e crianças;realizo direção vocal em CD , e em shows, o que inclui orientação e escolha de repertório e performance; e workshops de Percepção Musical para Dança em geral. E para finalizar, assino a idealização, a direção geral e a seleção do repertório do cd "Cantar Pra Viver", que homenageia o compositor Guadalupe da Vila, que será lançado brevemente.

5 - Fale-nos sobre o Guadalupe e sua ligação com a Vila Isabel.

Guadalupe da Vila, meu tio, irmão de minha mãe, foi instrumentista, intérprete e cantor, poeta e compositor, falecido em 2004. Foi artista de destaque, consagrado pelo mundo do samba, e com profundas raízes em Vila Isabel , no Rio de Janeiro, onde seu nome se misturou com a sempre distinta cultura artística do tradicional bairro carioca, lugar onde nasceu no ano de 1923. A propósito , quase toda a família da minha mãe nasceu no bairro,

inclusive eu.

Resgatar a obra, do Guadalupe , com o respeito merecido, mostrando sua importância para a música popular brasileira, é o principal objetivo do meu CD intitulado "Cantar Pra Viver", que ainda será lançado, apenas aguardando investidores culturais em potencial. Guadalupe da Vila compôs sozinho grande número de canções, e também em parceria com alguns renomados autores - dentre eles o Dunga- , autor da famosa "Conceição", que consagrou Cauby Peixoto. Foi integrante da Primeira Ala de Compositores da Velha Guarda da G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel, ao lado de Martinho da Vila, Luis Carlos da Vila, Davi da Vila, Jonas da Vila, Irani Olhos Verdes, dentre outros.

Criou músicas que visitam diversas nuances do samba: de enredo, de quadra, de roda, choro, canção, partido alto, além dos boleros e baladas românticas tradicionais. Ele também compunha sambas de quadra e de enredo para outras Escolas, tais como Portela, Salgueiro,e Escolas de outros estados. O acervo das obras musicais do autor gira em torno de trezentas composições, que começaram a ser resgatadas a partir desse cd "Cantar Pra Viver", por mim idealizado.


6 - Fale um pouco sobre os músicos que tocaram com você.

Graças a Deus, durante tantos anos que estou na carreira musical ( vinte e poucos anos), todos os músicos que me acompanham gostam de tocar comigo e eu com eles. Temos sempre muita empatia, simplicidade, pontualidade, disciplina e responsabilidade em tudo que decidimos fazer; trocamos "muitas figurinhas" para que a sonoridade desejada saia exatamente como pensamos e elaboramos. A nossa convivência se estende além dos shows, dos ensaios e das gravações. Na medida do possível nos falamos sempre.

Os quatro músicos, que me estiveram comigo no Festival de Alvinópolis, são excelentes como pessoas e como músicos.

São eles: Higor Nunes (cavaquinho); Paulo Rocco ( contra-baixo); Kiko Chavez (violão 6 e 7 cordas) e Renan Nunes ( bateria). Com exceção do Kiko, que é mineiro de Almenara, os outros são cariocas como eu. Agradeço muito a eles por estarem comigo nessa jornada, e é com muito orgulho que divido com eles o meu sucesso.

7 - Como é o atual ambiente musical do Rio de Janeiro ?

Existem festivais no estado de vocês ?

Eu vivi, frequentei os antigos Festivais da Canção na Cidade do Rio de Janeiro, realizados no Maracanãzinho, e lamento muito que eles tenham deixado de existir. Toda aquela sinergia, aquela receptividade do público com os artistas eram evidentes. Fui testemunha ocular e auditiva de grandes nomes da nossa MPB que foram consagrados a partir desses eventos, e que permanecem até os dias de hoje no cenário musical brasileiro, sem perder o seu estilo e a sua essência. Sei que a conjuntura daquela época era muito diferente da atual, mas contudo, tínhamos produção intelectual e artística de qualidade. Na minha opinião, esse é o ponto crucial que a nova versão dos Festivais do Brasil vem resgatando, bravamente, ao longo desses poucos anos: promovendo, fomentando e estimulando as artes: musical, literária, a dança, artesanatos e cada segmento da manifestação da expressão humana, em toda a sua amplitude. Quanto às novas edições de Festivais no Rio, devo dizer que está acontecendo a 2a. Edição do Festival de Sambas de Quadra, promovido pela Light (empresa de energia elétrica do RJ); e um outro intitulado "XI Festival Nacional de Voz e Violão, que acontecerá em Maricá, na região dos Lagos, litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. Tomara que aconteçam mais eventos como esses, em outros municípios do Estado, a fim de que tenhamos mais incentivos para a nova produção cultural brasileira.

8 - Você acha que o samba evoluiu com o tempo ou se banalizou com o sucesso comercial do pagode ?

O samba, como gênero musical, é uma das mais fortes expressões da nossa brasilidade. O pagode é uma das diversas variantes do gênero samba, e que se for bem feito, não será considerado banal, não. Dependerá sempre do compositor, a música ser boa ou não; é uma relação "criador e criação". O fato é que a maioria das pessoas desconhecem a linguagem musical de maneira geral, e aqui especificamente com relação ao pagode, logo não sabem distinguir entre um e outro.

A confusão musical se instala, a brecha fica aberta, o que é "prato feito" para o "banalizador" oportunista. Quanto menos conhecimento mais banalização. Infelizmente, é isso que está presente em todos os segmentos profissionais da sociedade, atualmente. O tal do oportunismo sempre foi uma doença grave no nosso meio, e acaba por difundir o banal em detrimento daquilo que tem valor verdadeiro. Aliás, qualquer situação em qualquer momento está suscetível à banalização, ou não.

Como educadora musical, posso sinalizar que há um antídoto para atenuar significativamente essa situação no âmbito musical, porém a longo prazo: fornecer conhecimento nessa área é formar platéia, formar público , formar opinião, resgatando valores essenciais para o próprio indivíduo e para a sociedade. Brevemente, a educação musical no ensino regular das escolas vai voltar mas não em moldes antigos, e sim com uma nova concepção, e que beneficiará a formação geral do educando, do futuro cidadão. Portanto, uma vez bem formado, informado e capacitado para discernir, o público saberá exercer seu direito de escolha com lucidez e embasamento para aquilo deseja ouvir e ou consumir. Estará conscientemente imune a qualquer tipo de imposição ou sugestão oportunista, de onde quer que proceda.


9 - Qual o balanço você faz do Festival e o que pode melhorar pro ano que vem?

As músicas apresentadas foram de alto nível mesmo. Fiquei muito feliz em poder participar de um certame assim. É um ótimo sinal de que a boa música está sendo produzida, e está acontecendo efetivamente.

Parabéns para Alvinópolis, e para os organizadores.

Isso muito me alegrou. Aproveitando o ensejo, quero fazer um elogio à logística da técnica de som: equipamento de PA, o de palco foram excelentes, e os operadores também, além de bons profissionais, pessoas muito solícitas.

Parabéns, Toni e Amintas !

Quanto à melhoria para o próximo ano, gostaria de pontuar duas questões: em primeiro lugar, a disponibilidade de camarins para os concorrentes e seus músicos, isto é, um local resguardado da friagem, do sereno e do vento, uma espécie de "backstage", ou então que o evento fosse realizado num Teatro.

E em segundo lugar , seria a respeito do horário do evento, que a organização do Festival possa estabelecer um horário mais cedo para a sua realização.

10 - O que mais gostou na cidade?

Do calor humano, da hospitalidade, da solicitude, da simpatia, da simplicidade, do empenho que as pessoas demonstram para realizar o melhor de si em prol da Cidade.

Agradeço aos responsáveis pelo Festival, ao site Alvinews pela oportunidade e deixo aqui meu grande abraço a todos. E até breve, se Deus quiser.

Contato : www.christinapaz.com.br

A PROPÓSITO DO FESTIVAL 2009 - ESCRITO POR VANDERLEI LOURENÇO


UM ASTRO DO ROCK’N ROLL

Vanderlei Lourenço


"- O que você mais gosta na música?

- Para começar, tudo."

Diálogo entre William Miller e Russell Hammond no filme "Quase famosos"

Último final de semana de julho e Alvinópolis, como aconteceu nos últimos 29 anos da nossa história, transformou-se. A capital da música rendeu-se a ritmos variados e, em cena, a grande vedete das três noites de festival. Incomum, como tudo o que diz respeito a essa pequena grande cidade, já considerada um celeiro na vida cultural do Estado, a colcha de retalhos musical revelou-se tecida pela riqueza de ritmos que ia do sertanejo ao samba, da bossa nova ao forró, passando pela melhor tradição da Música Popular Brasileira, para desaguar nas composições algo ainda ingênuas nas letras, mas com impressionante força melódica, da novíssima geração, cujos pulmões estavam a serviço do mais legítimo rock’n roll.

Ainda bem que os futuros astros do rock forjados em minha cidade fazem questão de declarar que, não obstante aventurar-se pelos caminhos do ritmo mais identificado com a rebeldia típica da adolescência, essa fase de descobertas em que estagiam, rejeitam o estereótipo que, tradicionalmente, dá-se ao roqueiro. "Eu sou roqueiro. Não sou viciado", cantava o vocalista da Banda Case, sagrada melhor intérprete do evento.

Bom que seja assim, já que as lendas roqueiras acostumaram-se a deixar exemplos pessoais de vida pouco edificantes. Que o digam os artistas brasileiros Raul Seixas, Cássia Eller e Cazuza, para focar nos mais recentes, que, talentosos que foram, continuam a viver em nossos aparelhos de som, Ipod e mp3.

O último teve a vida contada no filme "Só as mães são felizes", um exemplo de excessos que precisa ser evitado. Dos astros internacionais, a tela grande esmerou-se em revelar a intimidade dos integrantes do "Sex Pistols", considerada a banda mais influente da história do rock. O filme "The Great Rock’n roll swindle", de 1980 (dois anos após o fim da banda) chocou moralistas, a família real britânica e, até mesmo os fãs. Em outro momento, no ano 2000, foi lançado o documentário "O lixo e a fúria" que, em uma de suas cenas mais chocantes, mostra o baixista da banda, Sid Vicious coletando água de um vaso sanitário para misturar com heroína!
"The Doors", de 1991 é outro filme a mostrar a trajetória de uma banda de rock, influência marcante da década de 60. Iggy Pop, Bruce Springsteen, Eddie Vedder, entre outros, declararam-se influenciados pelos "Doors", cujas letras, em sua maioria composta por Jim Morrison (vivido no cinema por Val Kilmer que, mais tarde encarnou o "Batman), traziam influências diversas, inclusive de Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire. O filme mostra as muitas nuances do grande astro que foi Jim Morrison: o homem que todas as mulheres desejavam e que todos os homens queriam ser. O poeta dos excessos. Não faz muito tempo, li uma matéria que afirmava que, ate hoje, o túmulo de Morrison continua sendo um dos mais visitados do cemitério onde está enterrado em Paris, tendo ganhado, inclusive, segurança reforçada por causa do vandalismo dos fãs mais exaltados. Todos os anos, uma multidão passa por lá.

Recentemente, em 2004 foi lançado o filme "Ray", a biografia de Ray Charles, o garoto negro, filho de lavadeira do interior da Flórida. Ray Charles era cego desde os seis anos de idade e foi mais um astro a unir o talento musical à heroína. Sua vida rendeu um filme e tanto, com uma interpretação fantástica do ator Jamie Foxx (premiado com o Oscar de melhor ator pela interpretação) e uma trilha sonora magnífica, que, por isso mesmo, dispensa maiores comentários.

De tudo o que foi dito até aqui, merece ressaltar que poucos, no mundo do rock, sobreviveram a essa mistura de drogas e sexo fácil, adicionando-se uma dose de prisões, seis casamentos, dois filhos afogados e uma noiva de treze anos de idade, vamos visualizar um pouco da vida de Jerry Lee Lewis, "A fera do rock", filme lançado em 1989. Ele é considerado um dos fundadores e a última lenda viva do rock, com shows agendados no Brasil no próximo mês de setembro.

Seguindo o roteiro, Jerry Lee Lewis nasceu em uma cidade pobre no estado da Louisiana, nos Estados Unidos. Seu primo e melhor amigo na infância viria a se tornar o pregador evangélico Jimmy Swaggart, famoso na década de 80, um dos primeiros evangelizadores da TV, tradicionalista defensor da família, que foi flagrado com prostitutas e protagonizou um dos grandes escândalos da época.

Jerry Lee Lewis foi da mesma gravadora de Elvis Presley e Johnny Cash e tornou-se um fenômeno na década de 50, o espírito mais adolescente entre os adolescentes da época. Chutar o banquinho do piano para tocar em pé, subir no instrumento, pisar e sentar em suas teclas é comum para o músico. Já chegou, até mesmo, a incendiar o piano no palco e foi preso por tentar invadir a casa de Elvis Presley de madrugada porque "pressentiu" que Elvis "estava se sentindo sozinho".

Aprontou até desaparecer. Ostracismo, bebidas e todo tipo de droga, prisões e uma úlcera perfurada. Teria, inclusive, atirado e matado o baixista de sua banda depois de uma apresentação. Sumiu.

Reapareceu em 1989, com o lançamento de "A fera do Rock", título em português do filme "Great Balls of Fire", seu maior sucesso.

Em setembro será a segunda vez que Jerry Lee Lewis virá ao Brasil. Esteve aqui em 1993 e deu entrevista bêbado no programa do Jô Soares. Parece que os shows que tinha agendado, ele não conseguiu completar, de tão bêbado. Espera-se que, desta vez, seja diferente. Até porque ele está em sua melhor forma. O álbum que lançou em 2006 foi extremamente bem recebido pelo público e crítica norte americanos, e recebeu colaboração de Mick Jagger e Keith Richards, Ringo Starr, Eric Clapton e B.B. King.

Os biografados relatados nesse artigo foram e são verdadeiras lendas do rock, tiveram vida sofrida e viveram de excessos que, infelizmente, ceifou a vida de quase todos. E, inclusive por isso, fornecem material para boas obras.

Mas, biografias à parte, o melhor filme já feito, até hoje, sobre o rock é uma obra de ficção. Chama-se "Quase famosos" e foi lançado no ano 2000. Partiu da experiência do seu diretor Cameron Crowe, que foi repórter da revista "Rolling Stone", considerada "a bíblia" do rock. O personagem principal, Willer Miller, alter- ego do diretor é um garoto de quinze anos, apaixonado por rock’n roll, que tem a chance de acompanhar a banda "Stillwater", durante uma turnê, para escrever sua primeira reportagem. É, por incrível que pareça, um filme tocante.

Assisti entre risadas e torcida e, ao final, ficou aquele gostinho próprio daquilo que é bom, um gosto de "quero mais". Aí está a narrativa da era de ouro do rock, quando os envolvidos ali estavam, única e exclusivamente, pelo prazer da música, antes que o interesse nos lucros passasse a dominar a cena musical.

A sensibilidade e a reverência à música com que o filme foi feito, faz com que ele seja mais do que a história de um adolescente aprendendo sobre o que a vida tem de melhor e de pior (como poderia parecer em princípio), para transformar-se em uma pequena obra-prima da sétima arte. Em "Quase famosos" todos são companheiros, a droga não prejudica e o foco não é a promiscuidade sexual, comum nos demais filmes citados acima. E, porque ele é diferente?

Talvez porque a ficção costuma ser, quase sempre, melhor do que a realidade.