quinta-feira, 14 de maio de 2009

FESTIVAL 2008 - POR MARCOS MARTINO

SOBRE O SOM

O pessoal do som pisou na bola. Mandaram técnicos despreparados para esse tipo de evento e pouco dispostos a ouvir sugestões. Em uma das apresentações que presenciava, me dirigi ao técnico e pedi atenção para a voz do intérprete, cuja voz estava com volume muito alto, chegando a machucar os tímpanos. Ele não levou em consideração e nem respondeu às minhas ponderações.

Na hora de contratar o som, o ideal é obter mais informações sobre os técnicos que vão trabalhar

na sonoplastia para evitar esse tipo de problemas.

Pra piorar, o som influenciou até no resultado do festival, pois os prejudicados, por mais que os jurados relevem, acabam ficando inseguros no palco e perdem pontos preciosos. Por exemplo, na apresentação da banda Fator Alma, o som estava muito ruim. A guitarra estava tão alta que escondeu o resto da banda. A bateria parecia que nem estava microfonada. Com isso, o vocal acabou gritando para compensar o volume da guitarra. Pra completar, a guitarra estaca imperdoável, esse já um erro imperdoável da banda. Mas eles tem crédito.

SOBRE OS ETERNOS VENCEDORES

Quando Michael Schumacher estava na fórmula 1, todos reclamavam que tava sem graça, pois ela ganhava tudo.

Schumacher vivia o paradoxo de ser o melhor e de ser considerado chato por causa disso.

Gil damata e Zé Beto são uma espécie de Schumachers dos festivais.

Eles ganham pra todo lado, pois são bons mesmo.

No caso do nosso festival, devíamos nos sentir honrados de receber esses caras, que muito nos dignificam.

SOBRE O ARGENTINO “MARCELO MENDEZ”

Quando olhamos para o mapa e observamos de onde vem os participantes do festival, nos deparamos com competidores que vem de Salvador, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Aracajú, Belém do Pará e de centenas de cidades do interior de Minas.

Neste festival, tivemos um que veio da argentina, mais precisamente do bairro de Quilmes, em Buenos Aires, bairro que deu origem a famosa cerveja Quilmes, patrocinadora oficial da camisa do River Plate.

Marcelo é violonista de formação clássica, concertista, arranjador, tendo trabalhado com grandes nomes da música portenha.

Recentemente, lançou 2 cds, com registros de estúdio, que vinha colecionando há algum tempo. O resultado é um estudo sobre tangos, milongas e outros ritmos e estilos nativos e até contemporâneos.

Interessante observar que muitas dessas canções ficaram conhecidas no Brasil através dos famosos cantores do Rádio.

O WORK SHOPP

Marcelo trouxe uma material em audiovisual para apresentar para o público no Nicks Bar, sobre as história da música argentina e outras informações interessantes.

Houve um atraso na montagem do ambiente, mas o principal viria a seguir : o telão que o Ronilson arranjou para exibir o audiovisual não foi compatível com o note book e não foi possível exibir o audio-visual.

Marcelo ficou nervoso, mas falei pra ele que improvisaríamos uma entrevista e que eu explicaria direitinho para o público e assim fizemos.

Fizemos um bate papo, onde falamos das diferenças culturais Brasil Argentina, sobre os vários estilos musicais de seu país, influências, e entre uma prosa ou outra, ele tocava uma música e demonstrava sua técnica apurada.

Depois abrimos o microfone para as perguntas das pessoas e para pedidos de música, inclusive do menino bom da orelha, Ilderaldo, herdeiro e mestre do Prú Tchá.

O SHOW DO MARCELO MENDEZ À NOITE

Imaginei que o show do Marcelo seria no intervalo, entre as apresentações e soma das notas, para indicar as finalistas de domingo. Quando cheguei à praça, me disseram que o Marcelo já estava no palco para seu show e queria que eu fizesse a apresentação.

Fui pego de surpresa. Pedi um tempo para tomar pelo menos um conhaque e lá estava eu no palco apresentando o show do Marcelo. Me perdoem pelo improviso. Não sou um apresentador. Mas alguém tinha de fazer essa ponte. Espero que tenham gostado.

SOBRE AS HOMENAGENS

Foi emocionante ver o sr José Araújo cantando e sendo acompanhado pelo violão bem harmonizado do meu mano Rogério.

A música de Alvinópolis começou lá atrás.

É uma espécie de academia informal.

O choro Guarani talvez seja nossa referência mais antiga.

Temos também de considerar o congado que já toca suas músicas há uns 300 anos.

Foi bacana ver pai, o sr Tony anemia recebendo o troféu pelo meu tio Tutúia.

Foi bacana também ver a Záza recebendo pelo meu tio Babucho.

Como dizia o velho político, eu tenho pé de grilo.

Foi bacana ver também neguinho, Ilderaldo, Edmundo, Ana Therezinha, Marcelo XUXA, velhos guerreiros da música e da cultura.

JÁ POSSO MORRER

Mas minha maior emoção estava por vir.

Primeiro, me levaram ao palco para receber um troféu pelos serviços prestados à música e à cultura.

Depois, prepararam uma grande surpresa: uma apresentação da banda de música da cidade, executando a música INTERIOR, de minha autoria. Foi muito bacana. Na hora até pensei:Já posso morrer!

Depois, Ana Therezinha, ao lado do meu velho amigo cruzeirense Edmundo, pegou o microfone para sugerir a que a música se tornasse hino da cidade. Logicamente, ficaria honrado. Me deram o microfone de bate pronto para dizer o que eu acho. De bate pronto também respondi que pra mim seria uma honra, mas que essa decisão caberia a coletividade.

SOBRE O FUTURO e SOBRE O PASSADO

Penso o seguinte. Festival tem de ser tipo desfile de escola de samba no carnaval. Começou um e começa o outro.

O negócio é avaliar todos os itens, os erros e acertos, consertar o que ta dando errado e melhorar em tudo.

Este ano tivemos muitos problemas sim, mas tivemos um clima muito positivo, que reputo á formação de uma rede de pessoas apaixonadas pela cultura, que trabalharam de forma integrada e principalmente à presença da minha eterna professora, Dona Mariângela, que conseguiu cativar a todos com a sua presença iluminada.

SOBRE DONA MARIÂNGELA

Pra mim não é difícil de falar dessa mulher. Pra vocês terem uma idéia, nos nossos tempos de serenata, quando saíamos pra tocar sob as janelas das meninas, sempre tocávamos naquela casa da rua nova. Só que ali acontecia diferente. Mariângela abria a porta, sempre sorridente e dizia: ta frio ai fora...vem tocar cá dentro. E nós aceitávamos o convite de bom grado. Repolês também nos recebia com um sorriso. Sempre havia também alguns comes e bebes e também uma cachaça peruana que se chamava Prisco...acho que era isso mesmo. Pois bem. Há muitos anos não tínhamos oportunidade de conviver e eis que tive a oportunidade de trabalhar com ela. Logo eu que fui seu aluno e que tanto aprendi. Aproveito para corrigir um erro. No meu CD Serenata, homenageei várias pessoas que me influenciaram e omiti o nome daquela, que provavelmente tenha aberto a minha cabeça para a criatividade, para a possibilidade de fazer minhas próprias músicas.

SOBRE OS CRÍTICOS

Todas as críticas procedem, pois vem de pontos de vista variados, muitas vezes com algum ressentimento, o que é normal. Realmente, alguns competidores foram prejudicados e tem razão em reclamar. É como perder um jogo com juiz roubando. Espero que a comissão permaneça unida e até que promova outras ações culturais, pois a cidade carece. Como foi dito por alguém no mural, nosso povo não sabe nem se comportar em eventos do gênero. Gostaria também que avaliassem melhor o sistema antigo, de distribuição de prêmios descrescentes até o décimo lugar. É uma forma criada para contemplar a todos de alguma forma. Outra coisa é quanto a prêmio especial para o gênero pop rock, pelo número de bandas que temos e por atrair o público jovem. Tomara que a Casa de Cultura continue viva e operante.

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